terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um polígrafo


A mim, incomodam os falso-moralistas.
Esses que apregoam virtudes como se exibissem troféus, muitas vezes conquistados de forma equívoca.
Sentem-se paladinos, únicos em seus castelos formados de conceitos dúbios.
Com seus dedos em riste, como espadas, estão sempre prontos a tocar as feridas alheias, tão cônscios de seu papel de juiz e carrasco daquilo que convencionaram ser verdade absoluta.
Quantas vezes por trás desses intocáveis estão conjuges adulteros, pais negligentes, profissionais corruptos, portadores de vícios e mazelas impublicáveis.
Mas, desfilam impunes, atirando a esmo suas pérolas de cinismo e contradição.
Destacam-se com facilidade, já que não se deixam passar desapercebidos. Para esses, o anonimato é considerado crime de lesa-majestade.
E fazem questão, absoluta, de que todos a sua volta compartilhem do fel de suas palavras, de seus comentários mordazes, de suas ironias pejorativas.
Pobre daquele que se insurgir! Será dizimado, reduzido a pó, fulminado impiedosamente.
Eles seguem qual cancro da sociedade, tão incômodos e ao mesmo tempo tão necessários, como certos vermes,  baratas e urubus.
Quem não os conhece, quem não os distingue, quem, nem que por um minuto, não foi um deles.
A mim incomodam. E muito.

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