A vida sempre nos surpreende.
Quando estamos abertos ao novo e dispostos a aprender, a vida é generosa e gratificante.
Muitas vezes fingi não ver, não ouvir e ignorei o caminho.
Outras, bati contra as paredes do destino como louca, sabendo que o final era inevitável e que tanto desespero não levaria a nada, só trazendo dores passageiras e marcas indeléveis.
Poderia dizer que é uma forma intensa de viver, justificar certas atitudes como impulsivas e passionais, mas seria uma farsa.
Porque nem sempre é a coragem que impulsiona, muitas vezes o medo nos faz saltar, sem pensar, em abismos intransponíveis.
Hoje, uma experiência nova trouxe luz a um canto sombrio. Aquele lugar intocado, onde guardamos os medos, as decepções e todos aqueles sentimentos confusos que fingimos ignorar.
E foi uma coisa tão simples!
Um “Não”. Redondo, sonoro, inexpugnável.
E ele brotou assim, vindo daquele canto mais escuro, a princípio com um sabor de vingança, um rasgo de crueldade, daquele que deixa um amargo na boca... mas, por fim, foi um “não” patético, sem gosto, com cor, sem alívio.
Por um instante havia alguma coisa lá, como asas de borboletas debatendo contra a janela fechada e, no momento seguinte, apenas um enorme vazio.
Aquele “não” foi libertador.
Durante horas aquilo não saia do pensamento.
Tudo passou como um filme B numa madrugada insone: as lágrimas, as juras, os arrependimentos, as palavras ásperas, as acusações mútuas e por fim, apenas um “não” no lugar de um “the end”, sem trilha sonora, sem comoção.
Um bocejo veio anunciar uma paz desconhecida.
A brisa trouxe outros sons, outras palavras, e um sorriso.
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